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Estudantes desenvolvem preservativo para uso de pessoas AFAB  – IFSP

Projeto do Campus Suzano foi selecionado para apresentação em mostra nacional 

Um projeto do Campus Suzano representou todo o estado de São Paulo durante a 5ª Mostra Nacional de Feiras de Ciências, organizada pelo Ministério da Educação em parceria com o da Ciência, Tecnologia e Inovação. O evento foi realizado em Brasília, nos dias 24 e 25 de setembro.  

Da esquerda para a direita: Alana, Isadora, Hevely e MarcelaO projeto intitulado “Relações sexuais entre pessoas designadas mulher ao nascer — desenvolvimento de preservativo e contribuições teóricas no campo das Ciências Sociais”, desenvolvido pelos alunos Hevely Pereira de Oliveira e Isadora Ribeiro Vital e orientado pelas docentes Marcela Loureiro Alves e Alana Melo dos Santos foi um dos 27 trabalhos de 22 estados brasileiros selecionados pelo evento. 

Isadora explica que as vivências e a realidade em que ela e Hevely vivem levaram ao estudo. “Pensando que um dia passaríamos por tais situações, começamos a questionar a segurança nas relações sexuais e o direito à saúde sexual entre parte da comunidade LGBT+, que não têm sido garantidos”.  

Pessoas designadas mulher ao nascer (Assigned Female at Birth — AFAB) que fazem sexo com outras pessoas AFAB enfrentam condições precárias de proteção sexual, recorrendo a métodos inapropriados, desconfortáveis ou até mesmo perigosos durante o ato sexual, em busca de proteção. Além disso, avaliam, deparam-se frequentemente com preconceito no sistema de saúde brasileiro, por sua sexualidade e/ou identidade de gênero.  

O objetivo do trabalho é desenvolver um preservativo para relações sexuais entre pessoas designadas mulher ao nascer e analisar as questões sociais relacionadas ao preconceito ao qual este grupo está submetido na área da saúde. Foram projetados cinco modelos de preservativo, todos contando com uma parte externa e uma interna, usando modelagem, impressão 3D e desenhos manuais.  

Conclui-se que o desenvolvimento de um preservativo para ser utilizado no ato sexual entre pessoas AFAB é possível, apesar de suas complexidades, e a ausência desse recurso de saúde está relacionada ao preconceito, que advém do tabu da sexualidade não-heteronormativa. 

Professora Marcela relata que a participação na mostra possibilitou a apresentação do projeto no Sebrae, CNPq, MEC, MCTI e Congresso Nacional. “Apresentamos a pesquisa a autoridades e representantes dos deputados e deputadas. Dessa forma, foi possível divulgarmos o projeto, o IFSP, o Campus Suzano e a Feira Estadual de Ciência e Cultura do IFSP (que indicou, em 2023, o projeto à mostra); estabelecer diálogos e parcerias de pesquisa com diferentes docentes, estudantes e instituições e também apresentar necessidades e buscar apoio para dar continuidade ao projeto”, avalia.  

Isadora, que, assim como Marcela, teve todas as despesas pagas para a viagem, definiu a experiência como “incrível”: “esse evento me possibilitou estar nos locais de tomada de decisão e enxergar a necessidade de estarmos ali. Ao mesmo tempo, ele mostrou para os principais órgãos públicos do Brasil e seus representantes que nosso país constrói Ciência, que temos crianças e jovens de todos os estados fazendo Ciência. Participar da mostra significa construir uma rede de pessoas, culturas e conhecimentos, que é fundamental para se formar a Ciência na qual acredito: popular, de qualidade e diversa”, declarou as egressas do curso Técnico em Química integrado ao ensino médio. 

Mostra Nacional de Feiras de Ciências 

A Mostra Nacional de Feiras de Ciências, capitaneada pelo Fórum Nacional de Coordenadores de Feiras e Mostras Científicas, é um evento anual de grande importância. Ele reúne projetos científicos desenvolvidos por estudantes da educação básica, sob a orientação de seus professores, e apresentados em feiras e mostras científicas fomentadas por editais do CNPq/MCTI.  

Além disso, é uma das mais significativas ações de popularização e divulgação da ciência, fazendo parte da Semana Nacional da Ciência e Tecnologia. Com um caráter itinerante, o evento permite que servidores do MEC, do MCTI, do CNPq do Congresso Nacional e do Sebrae interajam com jovens cientistas da educação básica e seus orientadores, promovendo uma rica troca de experiências em Brasília.  

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